Ellen Lupton é uma das principais acadêmicas do design na contemporaneidade. Formada em design gráfico, ela atua como professora e curadora de design do departamento de design do Cooper-Hewitt National Design Museum de New York e é diretora do programa de pós-graduação em Design Gráfico do Center for Design Thinking, um núcleo do Maryland Institute College of Art de Baltimore.

Autora de mais de quinze livros, sete destes publicados em português, Ellen esteve no Brasil do dia 23 ao dia 27 de maio de 2017 para lançar seus dois mais recentes livros: Tipos na Tela e Intuição, Ação, Ciração, ambos publicados pela Editora Gustavo Gili.

Conversamos com a pesquisadora sobre intuição, metodologia, processo de criação e educação:

Design Brasileiro

O design brasileiro tem uma base muito forte na arquitetura moderna, famosa ao redor do mundo. Eu olho no aeroporto, nas ruas e percebo que o design gráfico e a comunicação visual são muito consistentes por aqui, como o design dos Estados Unidos ou da Europa. A cultura das ruas, o grafitti é muito único e diferente, não vemos isso em outros lugares.

A Metodologia no Design

Eu acredito que a metodologia realmente ajuda o designer a criar ideias. Quando um designer senta e simplesmente pensa “o que eu vou fazer?”, é um pouco complicado, mas se ele usa livros como Design Thinking, que funciona como ferramenta para organizar a estrutura dos processos de design, ele tem por onde começar. Então, não é uma receita: se eu fizer isso, isso e isso, terei sucesso, mas o uso da metodologia é como abrir a sua mente para a oportunidade de descobrir.

Influências das redes sociais no design

As marcas agora têm que interagir com o público e as pessoas têm que gostar e seguir as marcas visualmente. Para mim, é uma nova ferramenta de branding, e, portanto, um novo espaço para designers serem influenciados. Visto que, certamente, uma empresa como Warby and Parker está contratando designers para criar imagens específicas para que pessoas gostem e compartilhem. E isso é ótimo, eu adoro elas.

O Ensino do design da contemporaneidade

Existem professores que não querem ensinar softwares, eles acham que o aluno deveria fazer isso por si mesmo, e então eles ensinam apenas ideias, mas eu acho que isso não é bom e é frustrante para os alunos. O ideal é unir os dois. Por exemplo, quando eu ensino tipografia, é uma aula de InDesign, porque o InDesign é um sistema de tipografia. É mais que uma ferramenta, pois como um software, é uma descrição do que é tipografia: é o tamanho, tipo, fontes, colunas e grids.

O papel do professor na compreensão do Design

O que eu acho que as universidades e os professores têm oportunidade de fazer é focar em assuntos críticos, história, ideias, problemas. Tentar empurrar um pouco daquela parte visual superficial para o lado e perguntar o que estamos fazendo e o porquê fazemos. O que você está tentando comunicar? E esses detalhes não são algo que você consegue entender sozinho, olhando o Instagram. Você precisa de um diálogo que seja mais profundo e isso deve acontecer nas universidades.

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